Calebe Guerra é bacharel em Literatura Chinesa pela Universidade Xi’an Jiaoyong e mestre em Literatura Clássica Chinesa pela Universidade de Wuhan. Ele apresenta os podcasts BiYiNiao do Livro, com reflexões pessoais em torno de filosofia e literatura chinesa, Conto de Terror, spin-off do primeiro, de narração de histórias de terror chinesas e o Pagode Chinês, sobre notícias e curiosidades da China.
Estão no ar os episódios #18 e #19 do BiYiNiao do Livro:
No taoísmo clássico, a unidade perfeita entre corpo e mente é fundamental.
A separação entre os dois é uma dor insuportável.
Você precisa treinar a sua mente pra valorizar a sua vida vivida no aqui e agora. E passos curtos nessa direção são o suficiente, mesmo que você ainda não tenha obtido a maestria da coisa.
Neste episódio analisamos os textos 庄子·让王 e Kierkegaad – Either/Or.
Nas palavras do escritor, quando ele descreve o ato de um artesão criando uma espada, ele diz que o artesão primeiro “espalha” Shen si (神思) (sua mente, sua consciência) por aí, e só então ele fabrica a imagem, os contornos da espada.
Na interpretação de Liu xie (刘勰), só existe espada porque a mente do artesão pula e se espalha repentina e repetidamente pra fora de seu corpo. Ora, uma espada é um artefato valioso. É tão útil quanto belo. Valioso também. Se algo útil, belo e valioso é tão bom… por que então o pré-requisito para criá-lo precisa ser algo ruim, ou uma maldição?
Existe sim o sofrimento existencial da mente que não deseja estar onde o corpo está. Mas o fato de você não conseguir viver no presente momento o tempo todo é o que faz de você uma fonte de possibilidades artísticas. O que a sua mente pode criar e desenvolver amanhã é uma dimensão que você pode tocar hoje através da sua mente inquieta.
Então, o outro lado da moeda não é uma continuação da tragédia, mas a bênção decorrente dela.
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Foto de Luísa Machado.